DA ORIGEM DAS IDEIAS
11. Existe uma diferença entra as percepções da mente. Quando um homem sente algo, depois trás a memória a sua sensação e antecipa a sua imaginação. Mas estas faculdades nunca podem atingir a força e vivacidade do sentimento original. O máximo que elas podem afirmar é apresentarem o seu objecto de uma maneira tão viva que podíamos sentir e ver. Mas a mente pode estar perturbada não podendo chegar a tal nível de vivacidade que tornam indistinguíveis as percepções. O mais vivo pensamento é ainda inferior à mais baça sensação.
Podemos observar que uma distinção similar prevalece em todas as outras percepções da mente. Quando reflectimos acerca dos nossos sentimentos e estados de ânimo passados, o nosso pensamento é um espelho fiel e copia os seus objectos com verdade. Mas as cores que emprega são distintas e baças em comparação com que estacam revestidas as nossas percepções originais.
12.As percepções da mente pode ser dividas em duas classes. Estas distinguem-se pelos seus diferentes graus de força e vivacidade. Os pensamentos/Ideias são menos intensas e vivas. As impressões apresentam o oposto dos pensamentos ou ideias. Consiste em percepções mais vivas quando temos sensações e movimentos.
13. O pensamento do homem parece mais livre: esquiva-se ao poder e autoridade humano, e também, não está inserido dentro dos limites da natureza e da realidade. Quando o corpo está confinado a um planeta, o pensamento transporta-nos para as mais distantes regiões do universo ou mesmo para lá do universo, causando, assim, uma total confusão. Nada existe para além do pensamento, excepto o que implica uma absoluta contradição.
O nosso pensamento possui uma liberdade absoluta. Esta encontra-se com limites muito estreitos e todo esse poder criador da mente nada mais vem a ser do que a faculdade de “transformar” os materiais que nos são fornecidos pelos sentimentos e pela experiência. Podemos conceber um cavalo virtuoso porque a partir do nosso próprio sentimento podemos conceber a virtude. Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados da sensibilidade externa ou interna. A mistura e composição destes pertencem à mente e à vontade. Todas as nossas ideias ou percepções mais fracas, são cópias das nossas impressões ou mais intensas.
14. Existe dois argumentos: Primeiro, ao analisando o nosso pensamento podemos confirmar que as nossas ideias são simples. Como se fossem copiadas de uma sensação ou sentimento precedente. À primeira vista, parecem afastadas destas origem, sendo elas derivadas. Como a ideia de Deus, um Ser infinitamente inteligente, sábio e bom originando a partir da reflexão da nossa mente e eleva sem limite essas qualidades da bondade e sabedoria. Aqueles que afirmam que esta posição não é universal verdadeira nem sem excepções têm um só e fácil método de refutar, apresentado essa ideia que não é derivada desta fonte. Compete-nos manter a nossa doutrina, mostrar a impressão ou percepção viva que lhe corresponde.
15. Segundo argumento, se acontecer que um homem em virtude de um defeito dos órgãos, não é susceptível de qualquer espécie de sensação , vemos que é pouco susceptível das ideias correspondentes, não tendo dificuldade alguma em conceber esses objectos. Embora haja pouco ou nenhuns exemplos de uma semelhante deficiência na mente, descobrimos que a mesma observação ocorre num grau menor. Aprova-se que outros seres possam possuir muitos sentidos dos quais não temos nenhuma noção, através da sensibilidade e da sensação efectivas.
16. Existe, um fenómeno contraditório que pode provar que não é impossível surgirem ideias independentes das duas impressões, sendo as cores diferentes uma das outras mas com semelhanças em simultâneo. Se isto é a realidade a respeito das diferentes cores, também o não dever se menos dos diferentes tipos de matizes da mesma cor, e cada matriz produz uma ideia distinta, deslocando-se para o mais remoto da cor. Podemos, assim, provar as ideias simples que não são sempre derivadas das impressões correspondentes.
17. Todas as ideias abstractas, são naturalmente vagas e obscuras, onde a mente tem delas apenas um pequeno domínio. Pode-se confundir com outras ideias semelhantes: quando utilizamos muitas vezes termo, temos a inclinação para imaginar que possui uma ideia determinada a ele anexa. Pelo contrário, todas as sensações, que externas ou internas, são fortes e vivas; os limites entre elas estai mais determinados e nem é fácil cair em erro em relação a elas. Acontece com demasiada frequência , alimentarmos alguma suspeita de que um termo filosófico é empregue sem um significado ou ideia. Se for impossível, servirá para confirmar a nossa suspeita. Com este esclarecimento tão claro das ideias, podemos esperar remover toda a disputa que possa surgir acerca da sua natureza e realidade.
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